Das Inhaças...
Nestes dias “talvez seja apenas impressão minha”, o sol não tem dado as caras, a cidade, até que não esta tão imunda como anos anteriores em épocas de convenções partidárias. As vezes o sol (Astro Rei), inunda de luz a cidade, não aquela luz que se diz ser para todos, e que segundo as contabilidades, tem iluminado mais os faturamentos de poucos do que a necessidade de muitos escondida nos casebres de tantos bairros e em alguns lugares do centro, o mato rasteiro que invade os espaços onde deveria haver calçadas, garantia dos pedestres que pagam seus impostos, oferece uma cor quase sem cor, melhor dizendo, a cor do esquecimento ou da omissão.
E o sol pai de toda cor, derramando luz forte sobre isso tudo, espraia denuncias de imperdoáveis desprezos pelos canteiros da cidade, para ficarmos só nisso. Então como eu dizia, há faixas para travessia de pedestre atenção, revisora! Cuidado com esta palavra estou escrevendo pedestres não vá trocar as letras ou tirar daí outra palavra, porque isso pode gerar incompreensões. Por falar em trocar palavras, nossa história política registra, no quesito sutis retaliações, uma hilária vingança do cacique coronel, manda chuva de então. Ao mandar para o diário oficial o ato de exoneração, a pedido de um insurgente, extraiu da palavra “pedido” o primeiro d, a primeira letra d da palavra. E ai, o insurgente foi exonerado como? Então como eu dizia, há faixas de pedestres, mas quem é doido de se arriscar numa travessia, mesmo sob essa luminosidade intensa do nosso astro Rei? É que não basta pintar sinais, sinalizações, pregar placas, é preciso ensinar os significados e isso impõe ações educativas aos motoristas e aos pedestres. Por que não buganvílias pelos entornos, cantos e canteiros? Até como contrapartida aos odores, a cidade merece cores, no plural, não só essa singular e invisível cor do furta-cor. Este sol de verão, está a cada dia mais incansável. As últimas noites, mesmo com a visita da lua! Realçando as espumas alvas das ondas em derredor da Ilha, esmorecem inspirações, as vontades acumuladas até brocham. São as flatulências do rio e de tantos esgotos que se multiplicam a céu aberto, insuportável também a sinfonia das muriçocas. Não sei como as pessoas das vilas conseguem dormir nesses intervalos em que a lua cede seu trono ao sol. Há os que cochilam nas filas dos postos de saúde, “também pudera as filas não terminaram só aumentam” tiram uma soneca no ponto de ônibus, não há porque, nesse deserto de cores de flores, nessa escassez de cheiros, conformar-se com os odores que as omissões reiteradas fabricam. Não só as inhaças atmosféricas, das ventosidades do descaso, também as inhaças históricas do patriarcalismo decadente, e olha que o nosso povo tem água de sobra e de graça no Rio vacacai, e ainda assim a inhaça histórica do atraso teima em resistir, alegando que ainda tem força popular, e tem é verdade, mas como certas inhaças de axilas que só se vão depois de muito esfregão de bolotas de algodão, embebida em leite de rosas e bicarbonato de sódio.
Faz bem a democracia, á necessidade de alternância de poder, essa luminosidade plena desse sol esparramando transparência imensa, denunciando descasos, quebrando quebrantos de incansáveis alquimias, que já nos cansam.
E ouça todos os Sábados. O
Programa Chasque e fandango
Cada um tem no momento em que vive, exatamente o que lhe é permitido por hora pela justiça divina, precisamente por estar quitando dividas do passado. É certo e óbvio que Deus quer que impulsionemos a nossa vida galgando melhorias de toda ordem. Entretanto, isto não quer dizer “fazer do outro o nosso degrau”, deixando de viver a nossa vida para viver a do outro. E mesmo que consigamos, a infelicidade será uma constante para nós. A verdadeira felicidade só é adquirida quando construímos nossos castelos estruturados no próprio esforço, ordenados pela ética e pela moral. Texto: (Leontina Rita Acorinti Trentin)
