A Inveja...

Quando nos deixamos levar pelas emoções desordenadas, pelas paixões de toda ordem, a vaidade toma conta do nosso “eu” e passamos a desejar o que é do outro a qualquer custo.
Estes sentimentos aos pouco vão nos levando, sorrateiramente, ao cume de um penhasco e, lentamente, empurrando-nos em uma queda livre. Infelizmente só paramos para analisar as perdas quando já estamos lá embaixo, esmagados moralmente. E o mais difícil é levantar-se.
Muitos se comprazem neste sentimento negativo, às vezes, até inconscientemente, entretanto, maculam a quem o sente, bem como ao seu receptor, caso não esteja preparado para tais investidas, destruindo assim relacionamentos, lares, empregos e muito mais...
Necessitamos radiografar nossos sentimentos e pensamentos mais íntimos, para que possamos analisá-los criteriosamente, tratando-os com sabedoria e astúcia. É um sentimento devastador e, não nos damos conta do tamanho do perigo quando nos aproximamos dele. Saibamos sondá-los, analisá-los e persegui-los trabalhando contra estes instintos primitivos.
Invejar é um desejo violento de querer ter o que o outro tem, seja material ou imaterial, nem que seja à força. Age camuflado e disfarçadamente com desculpas descabidas justamente para tomarmos iniciativas hostis, fazendo e trazendo o sofrimento a muitos. Vamos subindo o penhasco e, ainda felizes da vida por estar conseguindo a todo custo o que queremos. Porém, são conquistas sem sentimentos verdadeiros, somente atraídos pela arrogância e presunção achando ser o melhor. É fatal, uma vez que já estamos aprendendo pela lei divina uma lei chamada ação e reação, ou seja, o que fizermos contra ou a favor de alguém receberemos igualmente.
Quando fomentamos tais pensamentos devassadores, damos muitos passos para trás, encaminhamo-nos a patamares de dor e sofrimento incomensuráveis.
Chegamos a desejar ao outro o “mal” para garantir que o nosso suposto “bem“ se realize, sofremos pelo que o outro tem e não pelo que temos necessidade. Sentir inveja é verdadeiramente querer a vida do outro. Fugir da nossa, fugir de nossos compromissos espirituais de aprendizado e acertos de contas neste estágio. Enfim, vamos cavando um poço cada vez mais fundo, e o pior: ficamos dentro dele e, logicamente, quanto mais cavarmos, mais teremos dificuldades de sair, ficando ali até que a dor nos faça refletir e analisar nossos erros e nos arrepender. Por conseguinte, irá iniciar-se uma corrida às reações de nossas ações, ao pagamento das dívidas que foram adquiridas por nós.
Cada um tem no momento em que vive, exatamente o que lhe é permitido por hora pela justiça divina, precisamente por estar quitando dividas do passado. É certo e óbvio que Deus quer que impulsionemos a nossa vida galgando melhorias de toda ordem. Entretanto, isto não quer dizer “fazer do outro o nosso degrau”, deixando de viver a nossa vida para viver a do outro. E mesmo que consigamos, a infelicidade será uma constante para nós. A verdadeira felicidade só é adquirida quando construímos nossos castelos estruturados no próprio esforço, ordenados pela ética e pela moral. Texto: (Leontina Rita Acorinti Trentin)